Feira Brasileira de Ciências e Engenharia chega à 10ª edição com 325 “soluções”

Febrace mostra projetos inovadores de alunos do ensino fundamental, médio e técnico de diversas regiões do Brasil.

Está aberta à visitação a décima edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), que acontece até quinta-feira (15) na Escola Politécnica (Poli) da USP. O evento é organizado anualmente pelo Laboratório de Sistemas Integráveis (LSI) da Poli e tem entrada franca.

Nesta edição, 325 projetos de 748 estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de todo o país concorrem a medalhas, bolsas de iniciação científica e estágios. Cerca de 15 estudantes serão escolhidos para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciência e Engenharia da Intel (Intel ISEF). Além desses projetos, a Marinha do Brasil apresenta uma maquete do submarino de propulsão nuclear que está desenvolvendo, além de algumas pesquisas em Trindade e na faixa marítima nacional, a nossa “Amazônia azul”.

O objetivo da Febrace é desenvolver nesses estudantes o espírito empreendedor e fazer com que usem a criatividade para tentar resolver ou amenizar, de modo simples e barato, problemas da sociedade. Para a coordenadora da Feira, Roseli de Deus Lopes, o que estes jovens pesquisadores procuram é trazer “soluções para problemas da sociedade e contribuir para o desenvolvimento do país”.

Áreas de pesquisa

A Feira se divide em grandes áreas do conhecimento: Ciências Agrárias, Biológicas, Exatas e da Terra, Humanas, da Saúde, Sociais Aplicadas e Engenharia. Mas alguns temas são bastante citados mesmo em categorias diferentes. A acessibilidade e projetos de inclusão são bons exemplos. Há projetos de educação para deficientes visuais na área de exatas, um aparelho reconhecedor de cor para deficientes visuais na área da engenharia e até um projeto de interação entre animais e crianças autistas.

Outro tema bastante recorrente é ecologia e sustentabilidade. Há o desenvolvimento de diversos produtos menos agressivos ao meio ambiente ou biodegradáveis, como tintas ecológicas, inseticidas naturais e a goma de mascar sustentável. A maioria das gomas vendidas atualmente utilizam-se do petróleo em sua fórmula – fonte não renovável e de difícil decomposição no ambiente. Esse elemento foi trocado por resinas vegetais que dá consistência e gosto semelhantes.

Telhado Verde

Pegando carona na sustentabilidade, o projeto dos mineiros de 19 anos, Antônio Augusto e Stephanie Silva, utiliza-se de materias de baixo custo, como garrafas pet, embalagens de leite longa vida, arame e tecidos para desenvolver uma mini-horta no telhado de casa. Segundo os alunos, é possível cultivar batata-doce, amendoim e tomate-cereja.

A garrafa pet se encaixa perfeitamente nas telhas de cerâmica – mesmo formato das de amianto – e é de fácil manuseio, não necessitando de mão-de-obra especializada, como os caros telhados verdes existentes na Europa. Antônio lembra ainda que o telhado verde possibilita um clima mais agradável no interior da casa, pois o sol não incide diretamente nas telhas, além de diminuir as ilhas de calor, fenômeno comum nas grandes cidades.

Communicar

Também proveniente de Minas Gerais, na cidade de Santa Rita do Sapucaí, o projeto Communicar foi “desenvolvido para salvar vidas”, como define um dos pesquisadores. O equipamento é instalado em qualquer veículo e tem uma espécie de “ventoinha” com um etilômetro – que ao detectar embriaguez no motorista, corta a parte elétrica do veículo, desligando o motor. Neste momento, uma mensagem de voz é enviada para até oito números de telefones previamente cadastrados pelo dono do veículo, para avisar que o carro está parado pela falta de condições do motorista. Caso todos os telefones estejam desligados ou fora de área, uma mensagem de texto é enviada. Basta ao receptor da chamada responder com a palavra ”foto” e a localização do veículo é mostrada no celular via GPS.

Para os alunos, que desenvolvem o projeto há mais de um ano, o principal objetivo é “conscientizar os cidadãos para salvar vidas inocentes”. Um dos pesquisadores conta que teve um tio atropelado por um motorista bêbado próximo de casa. Se desenvolvido em larga escala, o equipamento não custaria mais de R$ 100,00 por carro, além do aparelho de GPS – que já é bastante difundido entre os motoristas – e dos custos das mensagens enviadas.

Energia

Dois projetos vindos do interior do Rio Grande do Norte têm a temática parecida: fontes de energia. O primeiro, desenvolvido por Edilton, Júnior e Sara, usa energia solar instalada nos telhados das casas para diminuição do uso de gás e energia elétrica. A primeira experiência foi feita na cozinha da escola onde estudam. Levando em consideração que a temperatura ambiente da água no local era de 35ºC e com aquecimento a gás, apenas, demorava-se 11 minutos para preparar um café (com a temperatura final de 90ºC). Com a adição do sistema, em que a água fica numa caixa preta no telhado para ser aquecida pelo sol, a temperatura inicial é de 65ºC, o que diminui o tempo de fervura para apenas 8,5 minutos. Segundo Sara, a economia de energia chega a 38%.

O outro projeto potiguar trata da energia eólica. Vindos de Umarizal, cidade com aproximadamente 10 mil habitantes, Jonas, Flávia e Marcondes estudaram o desempenho de diversos tipos de “geradores” eólicos. Os resultados de suas pesquisas apontaram maior eficiência nas hélices de três pás em comparação com a de duas e a de seis, enquanto que o diâmetro da hélice acoplado a um sistem de roldanas interfere diretamente na quantidade de energia produzida. Jonas ressalta que o Brasil tem “enorme potencial para desenvolvimento da energia eólica, mas esse potencial é pouco explorado”.

Serviço

A Febrace é aberta, gratuitamente, a todo o público interessado entre os dias 13 e 15, das 14 às 19 horas. O endereço é o estacionamento da Poli, na Av. Professor Luciano Gualberto, travessa 3, número 380, Cidade Universitária São Paulo.

Mais informações: www.febrace.org.br 

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