Professora do IP fala sobre controle de infecções hospitalares em palestra

A temática exposta na palestra é fruto de uma pesquisa conduzida pela professora Maria Lívia Tourinho Moretto no IP sobre as práticas de controle de infecção hospitalar.

Por Islaine Maciel / Assessoria de Comunicação do IP

A convite da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, a professora Maria Lívia Tourinho Moretto, do Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia (IP) da USP, proferiu a palestra intitulada Entre o saber e o fazer – sobre as dificuldades e os desafios propostos nas práticas de controle de infecção hospitalar, durante a 9ª edição do “Simpósio Estadual de Infecção Hospitalar”, que aconteceu no dia 10 de maio de 2012, na Casa de Portugal, em São Paulo.

A professora Maria Lívia apresentou para um público de 450 profissionais de assistência à saúde o projeto “Investigação das dificuldades humanas de profissionais de saúde nas práticas de controle de infecção relacionada à assistência à saúde”. Trata-se de uma pesquisa solicitada ao IP, pela  Secretaria de Estado da Saúde que visa investigar os aspectos psicológicos que levam um profissional a não aderir às práticas de prevenção e controle das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS). Os resultados deste trabalho vão possibilitar a criação de estratégias mais eficazes de controle das infecções hospitalares.

O Projeto

Em outubro de 2011, a Secretaria de Saúde do Estado incumbiu a professora Anna Sarah Levin, responsável pelo controle de infecção nos hospitais da rede, a procurar o Instituto de Psicologia e propor uma parceria com as outras duas instituições da USP: a Faculdade de Medicina (FMUSP) e a Escola de Enfermagem (EE), para estudar a gravidade do problema central da pesquisa, que leva a cerca de 100 mil mortes por ano no Brasil.

Segundo Maria Lívia, não fosse o comportamento dos profissionais, muitas situações poderiam ser evitadas: “uma das principais causas da ocorrência dessas infecções é a não adesão dos profissionais de assistência à saúde às práticas de controle de infecção hospitalar, entre elas a lavagem das mãos”, diz.

Existem pesquisas que comprovam que a maioria dos profissionais de saúde conhece as normas de prevenção. Eles passam por avaliação, recebem as melhores notas e estão aptos a trabalhar em UTIs. Portanto, apesar de a educação continuada ser importante, ela não é suficiente para evitar o problema. “A pesquisa tenta entender a dissociação dos profissionais faz entre o que se sabe e o que se faz na prática”, acrescenta Maria Lívia. Ainda segundo a professora, é provável que haja alguma relação entre os aspectos psicológicos e as taxas de adesão dos profissionais de saúde às práticas de controle de infecção hospitalar.

A implantação do projeto acontecerá em quatro UTIs do Instituto Central do Hospital das Clínicas (HC), e o público-alvo serão médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem. A primeira etapa será a de observação e ficará a cargo das Faculdades de Medicina da USP (FMUSP) e da Escola de Enfermagem (EE) da USP. Por três meses, profissionais observarão o comportamento com base no protocolo de observação das comissões de controle de infecção hospitalar e essa observação vai permitir a classificação em duas categorias: uma de adesão e outra de não adesão. Em seguida, os profissionais desses dois grupos serão convidados a serem sujeitos de pesquisa para o IP, que prosseguirá com avaliação psicológica, entrevistas e investigações de aspectos que possam traduzir as dificuldades humanas ligadas ao controle de infecção.

Duas hipóteses apontadas pela professora Maria Lívia tentam explicar essas dificuldades: o nível de stress dos profissionais (fator que não é levado em conta em dados oficiais) e o nível de autonomia dos profissionais (quanto mais eles se acham autônomos, mais eles deixam de cumprir as práticas de prevenção).

A Secretaria de Saúde deposita expectativas na investigação para minimizar o problema, uma vez que, além do risco de morte, o montante gasto com treinamentos e tratamentos dessas infecções tem sido consideravelmente alto para o Estado. “A previsão é de que, em dois anos, possa ser possível fazer o rastreamento das dificuldades”, completa Maria Lívia.

Além da professora Maria Lívia Tourinho Moretto, são também coordenadoras do projeto a a professora Anna Sarah Levin, da FMUSP, e a professora Maria Clara Padoveze, da EE. A equipe do IP conta com a participação da psicóloga Cláudia Vidigal e dos alunos de iniciação científica Marina Lopes, Cesar Dias de Oliveira, Bruna Assunção, Daniella Silva Almeida e Tereza Cristina de Cala.

Mais informações: liviamoretto@usp.br 

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