Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias
O projeto Recursos Hídricos da Universidade de São Paulo (RHiUSP) monitora há um ano os parâmetros da qualidade da água na região da Cidade Universitária (Zona Oeste de São Paulo) por meio de coletas mensais e análises laboratoriais. Para permitir o acesso público aos resultados das medições, a empresa SALT Ambiental, incubada no Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), instituição ligada à USP, criou uma plataforma web georreferenciada. Os usuários podem acessar a página do RHiUSP e consultar os dados levantados em cada uma das 11 estações de monitoramento. As informações ajudarão a planejar o manejo das águas e envolver a comunidade na discussão sobre recursos hídricos.
Em parceria com a professora Elisabete Braga, do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, a empresa idealizou o projeto e vem coordenando as atividades de trabalho de campo (coleta e medição). “O RHiUSP monitora mensalmente, por meio de diagnósticos qualitativos e quantitativos, os principais recursos hídricos existentes no interior da Cidade Universitária: Córrego Pirajussara, Córrego Tejo, localizado na Escola Politécnica (Poli) da USP, e o lago da Reserva Florestal de Mata Atlântica do Instituto de Biociências (IB) da USP”, diz Vitor Izumi, oceanógrafo e coordenador que integra a equipe do projeto. “Também são monitoradas as águas do Rio Pinheiros, no trecho que abrange toda a extensão da Cidade Universitária em contato com o rio, no trecho entre as pontes Cidade Universitária e do Jaguaré.”
As coletas e medições são mensais e acontecem em 11 estações de monitoramento. Os principais parâmetros levantados nas coletas e medições são o oxigênio dissolvido, coliformes termotolerantes, potencial hidrogeniônico (pH), demanda bioquímica de oxigênio (DBO5,20); temperatura da água; nitrogênio total; fósforo total, turbidez, resíduo total, sólidos totais dissolvidos; nitrogênio amoniacal; fosfato; silício. “Também estão sendo realizadas análises da presença de diversos outros compostos químicos como fármacos, medicamentos, drogas de abuso, totalizando cerca de 50 parâmetros”, conta Izumi.
Monitoramento
As informações obtidas na coleta e nas análises laboratoriais de diversos parâmetros da qualidade da água são reunidas em um banco de dados. “A ideia é conseguir um amplo entendimento destes corpos d’água e prover informações locais mais precisas e detalhadas”, aponta o oceanógrafo. Todos os dados produzidos são disponibilizados e divulgados em uma plataforma web georreferenciada, desenvolvida pela SALT. “Para informar e aproximar a comunidade local do tema, foi criado um portal na internet para permitir o acesso facilitado e contínuo às informações sobre as águas monitoradas, juntamente com informações fundamentais de direito público, apresentadas em uma interface amigável.”
O projeto também inclui indicações sobre a situação destes ambientes em sinalizações públicas, bem visíveis. “Assim, a informação pode se transformar em uma preocupação diária da comunidade, diz Izumi. A plataforma online, que possui banco de dados e sistema de informações geográficas (WebSIG), que informa sobre a localização e a situação dos pontos de monitoramento, pode ser acessada neste link.
Os dados obtidos na pesquisa permitem o monitoramento detalhado e acompanhamento mensal e sazonal das informações, com detalhes relacionados a ocasiões específicas como variações da condição do tempo e flutuações populacionais. “A base de informações possibilita o monitoramento contínuo da qualidade das águas do campus da Cidade Universitária”, explica o oceanógrafo. Os dados também permitirão a colaboração com a rede de monitoramento da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo.
O projeto RHiUSP iniciou-se em janeiro de 2014, no âmbito do Programa Sustentabilidade USP, da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP, e inicialmente teria duração de um ano. “Hoje, a principal meta é que a iniciativa tenha continuidade de modo permanente, pois acredita-se que este seja fundamental para uma gestão socioambiental ágil e eficiente. Para isso, o projeto busca novos financiamentos para prosseguir com o monitoramento”, ressalta Izumi. Participam do projeto o Laboratório de Nutrientes, Micronutrientes e Traços nos Oceanos (LabNut) do Instituto Oceanográfico (IO), o Laboratório de Microbiologia Ambiental (LMA) do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, o Centro de Química e Meio Ambiente (CQMA) do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), a empresa Centro de Espectrometria de Massas Aplicada (CEMSA) e a SALT.
Mais informações: (11) 3039-8365; email vitor@saltambiental.com.br