Poli inicia estudos técnicos e ambientais para ampliação do Porto de Santos

Para analisar a erosão na Ponta da Praia e a ampliação da profundidade do canal, Poli vai reproduzir porto em laboratório.

A Escola Politécnica (Poli) da USP inicia em janeiro os estudos que vão avaliar as possibilidades técnico-econômicas de ampliação sustentável das atividades do Porto de Santos. Com duração de dois anos, os estudos vão responder, de imediato, a dúvidas levantadas pelo Ministério Público (MP) quanto ao alargamento do canal e o impacto das operações de dragagem na erosão de praias adjacentes, especialmente a Ponta da Praia. A pesquisa também vai avaliar se e quanto é possível ampliar o aprofundamento do canal para permitir a entrada de navios maiores, o que geraria um impacto econômico positivo ao permitir a redução de custos com o transporte.

Serão investidos R$ 10 milhões no projeto. A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) assinou no dia 21 de dezembro o contrato com a USP, a Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH) e a Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE) para o desenvolvimento dos estudos. Os primeiros resultados que respondem aos questionamentos do MP devem ser entregues em até 30 dias após o início dos trabalhos. “Esperamos ter um parecer preliminar já em meados de fevereiro”, explica José Carlos de Melo Bernardino, coordenador da Área de Modelos Hidráulicos da FCTH.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos

O MP questiona se o alargamento do canal de acesso de 170 para 220 metros não está causando os problemas erosivos detectados na Ponta da Praia. “Temos registros de que o processo de erosão é anterior ao alargamento do canal e estaria relacionado a outros fatores, mas precisamos fazer os estudos para comprovar isso tecnicamente”, explica. Além disso, o MP questiona se o retorno da largura do canal de acesso para 170 metros não mitigaria os processos erosivos na Ponta da Praia. A Poli também vai analisar se essa medida é técnica e economicamente viável.

Serão feitos ainda estudos sobre os impactos do procedimento de dragagem para ver quais são os limites, ou seja, quanto pode ser aprofundado o canal para permitir a entrada de navios de maior porte, dando mais competitividade ao porto. Hoje a profundidade do canal é mantida em 14,7 metros. A Codesp quer saber se é possível aprofundar para 17 metros. Caberá aos pesquisadores da Poli dizer se isso é tecnicamente viável, se compensa economicamente e quais os possíveis impactos ambientais de uma operação como essa. “Caso essa meta não possa ser atingida, pretendemos definir um limite para a questão do aprofundamento do canal”, conta Bernardino.

Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons

Para responder a todos esses questionamentos, os estudos terão caráter interdisciplinar. Vários grupos de pesquisa da Poli estão envolvidos no trabalho, que também vai contar com participação de graduandos e pós-graduandos. O Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental vai trabalhar com os modelos físicos e computacionais, fazendo análises do ponto de vista hidráulico e ambiental sobre as intervenções possíveis e alternativas para reduzir a erosão nas praias. “Sempre teremos em mente o impacto ambiental. Não adianta ser viável tecnicamente se a solução causa enorme impacto no entorno”, aponta.

Um modelo geral do estuário de Santos, uma espécie de maquete de grandes proporções, será construído no Laboratório de Hidráulica. “Vamos simular condição de corrente, de onda, vento, transporte de sedimentos, enfim, todo o cenário da região para verificar impactos possíveis das obras de engenharia sobre as praias”, diz. Também será montada uma bacia geradora de ondas, modelo que vai reproduzir o canal de acesso ao porto. Haverá um terceiro modelo, bidimensional, que reproduz trechos do canal que precisam ser estudados em detalhes, como se ele fosse observado em um corte transversal.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos

No Tanque de Provas Numérico (TPN), os pesquisadores vão trabalhar com cenários específicos criados a partir dos dados obtidos nos modelos e promover simulações, trazendo inclusive práticos da Codesp para executar as operações de manobras no laboratório em ambiente computacional.

Já o Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Poli vai desenvolver os estudos de avaliação logística e econômica das obras de melhoria do porto. Equipes do Centro e Estudos em Gestão Naval (CEGN) e Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP) vão participar do projeto. “Se houver possibilidade de ampliar a calha e receber navios maiores, exemplo é preciso verificar se este tipo de operação é eficiente e economicamente viável para o porto”, acrescenta. “Os estudos da Poli vão subsidiar tecnicamente a Codesp, caso ela queira executar as obras de ampliação do porto. O que estamos fazendo são pesquisas para analisar as melhores alternativas para o porto”, conclui Bernardino.

Da Acadêmica Agência de Comunicação

 

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