Grupo da EEFE usa fisiologia para otimizar treinamentos em artes marciais

Pesquisa do grupo comentada pela Science analisa como funcionam os sistemas energéticos durante a prática do esporte.

Desde 2006, um time de pesquisadores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP vem realizando estudos sobre artes marciais como judô e taekwondo nas áreas pedagógica e de treinamento, principalmente quanto a seus aspectos fisiológicos.

Atuando na iniciação às modalidades e na preparação de atletas de diversos níveis, em março deste ano o Grupo de Estudos e Pesquisas em Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate teve um de seus estudos repercutido pela prestigiada revista Science. A pesquisa analisa como funcionam os sistemas energéticos durante a prática do esporte, e pode ajudar os atletas a otimizarem seu treinamento.

As principais constatações foram que a participação do sistema aeróbio é maior do que se supunha, e que o sistema de fosfagênios é determinante para o desempenho do atleta. O sistema de fosfagênios está presente nos músculos e serve como base energética quando se faz muito esforço. Uma analogia possível é que enquanto o sistema aeróbio supre o corpo em atividades como uma maratona, o de fosfagênios é responsável pela largada de um velocista.

“Metabolismo energético durante atividades específicas do treinamento de judô”, foi desenvolvida por Emerson Franchini, professor da EEFE e um dos líderes do grupo. É ele quem explica a metodologia adotada: “Nós utilizamos dois exercícios compostos por três tipos de técnicas para ver como os sistemas energéticos se comportavam em decorrência dessa manipulação, do tipo de técnica e, num dos estudos, da estrutura temporal adotada”, relata. E destaca:

“Ao compreender o que acontece durante o treinamento,  é possível direcionar melhor as cargas de treino em consonância com os objetivos do atleta e do treinador.”

Analisador de gases

Entre o contato com os atletas, seleção, coleta de dados, análise e produção do relatório, a pesquisa durou dois anos. Foram avaliados atletas de faixas marrom e preta de níveis estadual e nacional, que fizeram exercícios seriados simulando as condições de treino e usando um analisador de gases portátil.O equipamento, no entanto, foi um fator limitante na pesquisa. “Apesar de ser portátil, o equipamento não permite que o atleta caia com ele”, comenta Franchini. Sua expectativa é que, com o avanço da tecnologia, dentro de pouco mais de uma década tais analisadores sejam cada vez menores, e “com uma robustez cada vez maior para a utilização em atividades que precisam de mais contato”. Além dos problemas apontados, há ainda o fato de que o analisador de gases da EEFE ser antigo, de 1999, e já começar a apresentar defeitos decorrentes do uso. “Um novo aparelho custa em torno de 35 mil dólares. Estamos buscando verbas para comprar um equipamento um pouco mais avançado do que esse”.

Divulgação

Para o próximo mês, Franchini espera que a segunda parte do estudo, um pouco mais elaborada, seja aprovada para publicação. “Nós enviamos [o artigo] para um periódico, e houve alguns questionamentos por parte dos revisores, mas acredito que tenhamos conseguido sanar as dúvidas levantadas”, conta.Caso contrário, a pesquisa pode retornar com novos questionamentos ou ser rejeitada.”É um processo que não dá para prever. Eu tenho expectativa de que até o final do ano, na pior das hipóteses,  teremos o artigo aceito. Também estamos trabalhando para que ele seja aceito em periódico internacional”, completa Franchini.

Mais informações: site http://grupodestudoslutas.blogspot.com.br

 

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