Revista USP lança o dossiê “Saúde Urbana”

A nova edição da Revista USP traz o dossiê “Saúde Urbana”, que debate a importância das estratégias políticas e sociais para garantir a assistência à população e a vida nas grandes cidades.

Edição debate a importância das estratégias políticas e sociais para garantir a assistência à população e a vida nas grandes cidades

No ritmo acelerado do conhecimento científico e tecnológico, o mundo começa a enfrentar sérios problemas causados pelo aquecimento global, entre eles as doenças provocadas pela densidade populacional de mosquitos. Diante dessa realidade, a nova edição da Revista USP lança o dossiê “Saúde Urbana”, que debate a importância das estratégias políticas e sociais para garantir a assistência à população e a vida nas grandes cidades.

Apresentar um panorama sobre a saúde nas grandes metrópoles e os desafios a serem enfrentados para priorizar a qualidade de vida é a meta do dossiê “Saúde Urbana”, publicado na nova edição da Revista USP, que acaba de ser lançada pela Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP. Organizado pelo professor Eliseu Alves Waldman, da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, reúne artigos de especialistas que possibilitam ao leitor compreender as diferentes dimensões que envolvem o tema. E também oferecem subsídios para identificar prioridades para o planejamento de políticas públicas e estratégias sociais. Um grande desafio que deve ser travado pelo mundo globalizado do século 21.

“O século 20 caracterizou-se por um rápido avanço do conhecimento científico e tecnológico, assim como por profundas transformações sociais, econômicas e demográficas”, observa Waldman. “Tais mudanças alcançaram maior velocidade nas últimas décadas, acompanhando o processo de globalização e o aumento do intercâmbio internacional em diferentes campos de atividades, os quais influenciaram fortemente as condições e estilo de vida atuais do homem, em todo o globo.”

Foto: Marcos Santos/USP Imagens
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Waldman observa que o crescimento rápido e não planejado dos centros urbanos dos países de baixo e médio desenvolvimento está associado a pobreza, desemprego, moradias inadequadas, aglomeração, doenças transmitidas por vetores, aumento de tráfego de veículos, degradação e poluição ambiental. “Por sua vez, a infraestrutura urbana é insuficiente para responder às demandas de saneamento, educação e saúde dessas populações.”

Uma falta de infraestrutura grave, que o dossiê pontua e alerta. “Tal panorama destaca a diversidade e a complexidade das questões relativas à saúde nas cidades como uma prioridade em políticas públicas em todo o globo, ficando claro também que o equacionamento adequado de soluções para tais problemas deve envolver vários setores, especialmente saúde, ambiente, habitação, energia, transporte e planejamento urbano”, destaca Waldman.

Zika vírus

Na apresentação do dossiê “Saúde Urbana”, o professor Waldman destaca a preocupante incidência do zika vírus, transmitido pelo mesmo mosquito vetor da dengue e da chikungunya, o Aedes aegypti, presente especialmente em áreas urbanas. Situa o Brasil como o epicentro de uma pandemia que já atingiu a Oceania, vários países latino-americanos e do Caribe e ainda Cabo Verde, na África ocidental. “Sua presença no Brasil foi confirmada em maio de 2015 e, poucos meses depois, o vírus já havia se disseminado pela maioria dos Estados brasileiros e boa parte dos países da América Latina e Caribe. Vale lembrar que tal fato ocorreu pouco mais de um ano após a emergência do vírus chikungunya na mesma região.”

O especialista aponta a preocupação das autoridades sanitárias brasileiras e de organismos internacionais diante da rapidez da disseminação do vírus e, pelos registros no Brasil, do aumento da ocorrência de microcefalia, possivelmente associada ao zika. “Ainda que faltem as conclusões dos estudos necessários para a confirmação do nexo causal entre a infecção e a malformação congênita, a potencial gravidade dos fatos levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cogitar declarar estado de emergência em saúde pública de importância internacional.”

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

O editor da Revista USP, Francisco Costa, destaca a importância da OMS, lembrando que ela foi fundada em abril de 1948 a partir de um movimento de delegados brasileiros, que pretendiam criar um organismo internacional de saúde pública de alcance mundial. “É incrível sabermos que o Brasil, desde o início, manteve laços estreitos com a organização.”

Costa reafirma os problemas do Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa de aprimoramento urgente, e aponta a saúde sucateada e cada vez mais precária. “É difícil entender como o Brasil, país proponente da própria OMS, tem, não é de hoje, um sistema de saúde trôpego, que penaliza seus cidadãos, uns mais, outros menos, de norte a sul e de leste a oeste.”

Revista USP, número 107, dossiê “Saúde Urbana”, organizado por Eliseu Alves Waldman, publicação da Superintendência de Comunicação Social (SCS) da USP, 144 páginas, R$ 20,00.

Leila Kyiomura / Jornal da USP

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